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sábado, 28 de agosto de 2010

Escrevi mais de 100 sonetos...

Porque acho bacana e ponto, apesar de já ter percebido alguns olhares de escárnio mal disfarçado quando digo isso. Aqui vai mais um deles...




CALMARIA


Quanto mais se faz pontiaguda
A flecha certeira desse cupido,
Mais com certeza fica dolorido
O alvo atingido e a dor aguda.
Hoje porém assim não sinto.
Apenas pressinto que a calmaria
Terna e morna de todos os dias
É a verdade de meu sonho suscinto.
É a mansa saudade que amadurece
E incandesce a tarde mais sofrida
De um amor que não dói nem arrefece.
Este o mais puro, da brasa nascida
E alimentada no calor diário
Que a alma acolhe eterno e agradecida.

domingo, 22 de agosto de 2010

Na solidão deste domingo...

Já que minhas meninas estão viajando bem prá longe, posto hoje um poeminha antigo e meio sem graça, uma vez que me sinto "sobrando"!




PALAVRAQUE

Palavraquenãoseuneàoutraépalavradeslocada.
Palavraquenãosesolidarizaécomofolhanabrisa.
Voasolitáriaedesamada.
Ébotãoprocurandoporcamisa.

Aspalavrasdevemserirmãseamigas.
Todasexprimindoamesmaidéia.
Devemesquecerantigasbrigas.
Seroperáriasdemesmacolméia.

Quesuperemdesavençasgramaticais.
Palavrassãovértebrasdeumasócobra.
Sãofrutodadesigualdadeentreosiguais.
Palvraquenãoseuneàoutra

sobra.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Já dizia Einstein...

Que a teoria da relatividade poderia ser explicada ao se imaginar o quanto a mesma unidade de tempo pode ser diferente, ou em outras palavras, cinco minutos beijando a mulher amada passam muito mais rapidamente do que cinco minutos com a mão encostada num fogão quente. Daí esse soneto.




HORAS DESIGUAIS


Todas as horas estéreis do dia
Que antes eram fáceis e passageiras
São agora pedras pontiagudas e frias,
São horas eternas, horas inteiras.
As noturnas, porém, quando ao teu lado,
São sorvidas com a ânsia dos moribundos
Pois valiosas como o leite derramado,
São as horas mais rápidas do mundo.
Gostaria de poder fazê-las lentas
Como longos os teus beijos abissais
Seriam no limiar do que a alma sustenta.
Resta-nos reconhecer como cais
A saudade que se transforma em tormenta,
No desconcerto dessas horas desiguais.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Em singela homenagem...

ao centenário de nascimento de Adoniran Barbosa, ocorrido no último dia 6, posto hoje outra história contada em minha coluna no site "Tulípio", conforme já anunciado em postagens anteriores.



BIFE OU TORRESMO?


Essa é outra das inúmeras histórias de Adoniran Barbosa e quem a conta é Carlinhos Vergueiro.
No final da vida e no auge do sarcasmo Adoniran estava compondo, juntamente com o próprio Carlinhos, a música “Torresmo a milanesa”, que viria a ser uma de suas últimas.
Por sugestão de Carlinhos, a letra tinha um trecho que dizia: “Arroz com feijão e bife a milanesa”.
A composição foi sendo feita por ambos, matutando sobre a letra, a melodia e a harmonia, Carlinhos de violão em punho, cervejinhas, acepipes e etc. De repente Adoniran diz: - “Não Carlinhos, isso não está certo”. Carlinhos olhou espantado, sem fazer idéia do que se passava e Adoniran emendou: - “Bife a milanesa não. Vamos colocar torresmo a milanesa”. “Por que torresmo Adoniran?” perguntou Carlinhos. “Porque não existe!”
“Ah”, continuou Adoniran, “E vamos colocar UM torresmo”. “Por que pôrra?”, ao que Adoniran responde com aquele brilhozinho criativo nos olhos: “Porque é mais triste pôrra!!!”

terça-feira, 10 de agosto de 2010

É fácil reparar...

Que nos meus escritos nunca busco o hermetismo deliberado. A poesia é quase sempre hermética porque nasce entre os desvãos da alma. Mesmo assim, entendo que o texto poético flui mais claramente se estiver isento de figuras indecifráveis. Por outro lado, às vezes sai um texto mais difícil, como este que posto hoje, em homenagem ao tipo de inverno mais agradável que existe: ensolarado e quente durante o dia e friozinho à noite. Dá pano prá qualquer manga!



SOL DE INVERNO


Sob o sol escaldante de um julho atípico,
Lembranças.
Luz do abajur da sala,
Sofá macio,
Rio de lembranças.

Sob os vinte e seis graus de um inverno mítico,
Sensações invertidas.
Água fresca no corpo,
Cheiro de perfume de criança,
Dança adulta.

Sob a certeza de um movimento elíptico,
Fatos repetidos.
Datas coincidentes.
Gosto de inverno que queima
E teima em vir.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Eu sei que vocês vão dizer...

Que é tudo mentira...trálálá-tralálá, e sei também que há alguns anos Arnaldo Antunes escreveu uma letra de música muito parecida com este meu texto postado hoje, mas eu juro que escrevi isso beeeem antes e que fiquei furioso quando ouvi a música pela primeira vez. É que às vezes, uma mesma idéia pode ocorrer a duas pessoas simultaneamente e, considerando o fato de que escrevi este texto antes e que Arnaldo Antunes sequer imagina a sua existência (e a minha), ambos são originais!



INDICAÇÕES

Para telejornal, tapaouvidos.
Para lições, sonhos amanhecidos.
Para reflexões, bulas.
Para leis injustas, burlas.
Para sermões, cachaça.
Para serões, optalidon e cachaça.
Para TPM, TFP.
Para TAM, JAL.
Para entender o Natal, rua.
Para trânsito infernal, lua.
Para papocabeça, coisaetal.
Para miudezas, tamanho descomunal.
Para navalha, cicatriz.
Para grandes gafes, embaixatriz.
Para Mickey, Minnie,
Para máxi, mini.
Para indecisões, tiroequeda.
Para cagões, paraquedas.
Para patriotas, verdamarelo.
Para compatriotas, sorriso amarelo.
Para mocinha, foco.
Para vilão, soco.
Para mulher bonita, postura enfadonha.
Para mulher feia, fronha.
Para golfinhos, Flipper.
Para boca grande, zíper.
Para embocadura, saxofone.
Para jogo bonito, Lazzaroni.
Para asterisco, ruptura.
Para obelisco, rachadura.
Para Asterix, aventura.
Para Obelix, ternura.
Para político corrupto, tiro.
Para vitamina C e cama, espirro.
Para dores nas costas, espinha ereta.
Para arroubos de puxassaquismo, espinha ereta.
Para gêmeas siamesas, bicamas,
Para mulheres pernambucanas, Bucchana’s.
Para catarro, cigarro.
Para aranha, arranha o jarro.
Para música boa, sorriso imenso.
Para chatos engraçadinhos, silêncio.
Para nada, tudo realizar.
Para tudo, poesia no olhar.