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terça-feira, 18 de maio de 2010

Duas mil dúvidas e dois reais no bolso!

Às vezes tenho a exata sensação de que escrever poemas é lançar palavras ao vento. Outras vezes sou atropelado por uma auto-crítica tão mordaz e violenta que faz com que minhas unhas diminuam nos dedos. Mesmo assim, persisto. É o que resta aos mortais. Aos imortais, a Academia.
Eis o sonetinho de hoje:


DICIONÁRIO DE RIMAS


Ao fundo do poço foram as idéias
E submergiram na turva água fria,
Como versos estagnados na traquéia
A espera de improvável hemorragia.
E ressurgiram plenas de dessimetria
Lavadas no lodo, destiladas no sigilo
Que em meu epílogo, qual ventríloquo, repetia,
Automático como os gestos de um crocodilo.
Escolhi palavras num dicionário
Mecanicamente, como salta um atleta,
Distribuindo quatorze rimas num aquário.
Achei que delas seria um esteta
Mas da emoção eu era apenas locatário,
Longe do verso necessário e de ser poeta.