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sábado, 30 de abril de 2011

Uma safra nova

de músicas novíssimas está vindo por aí! Às vezes a inspiração nos visita várias vezes num curto espaço de tempo e as letras brotam às pencas. Algumas vem até já com a música inteira na cabeça. É o caso desta!
A primeira estrofe deve ser cantada de acordo com a acentuação, com a sílaba tônica deslocada.



TONÍCA


Silábas tonícas podem ser trôcadas
Como ámores ântigos às vezes são.
Sacúdir o ranço da metríca môfada,
Traz pálavras bônitas de sopetão.

Muitas vezes eu acho que estou abafando,
Conseguindo sucesso com uma invenção.
Mas quanto mais eu invento menos ela nota
E nota por nota, silába por sílaba meu
Samba entorta e vai desencantando.

Quem dera eu tivesse o poder da palavra
Ou conhecesse os meandros de uma canção.
Sei que então ela viria aos meus braços na hora
E dois mil novecentos e noves fora
Eu conquistaria a sua atenção.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Mais um

soneto antigo, recuperado no fundo de uma gaveta!


NOITES MAL DORMIDAS

Meu sono acaba em soluços abafados
E se acordo, apenas eu e a lua,
Há de ser você, faminta e nua
A povoar meus sonhos acumulados.
Sinto frio e eventualmente choro
Ao inflar os pulmões com o ar maculado
De teu calor e do perfume destilado
Em minha pele e no lençol sonoro.
Ah, sempre a tua ausência dolorida
Transformando-me em meu próprio algoz
E no de minhas noites mal dormidas.
Mas tua presença no dia seguinte,
Incerta como inesperada a partida,
Me faz perplexo, observador e ouvinte.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Assim como uma mão

que não encontra um bolso para morar, a sensação de inadaptação é uma das mais incômodas. Esse sonetinho antigo fala justamente disso.


CACOETE

Um sopro cálido de fim de inverno,
Tão triste quanto vão e inusitado,
Mais quente que a ante-sala do inferno,
Mais vazio que a cidade num feriado.
Um vácuo gélido que me vem à mente
E vai descendo por caminhos estreitados,
Tomando tudo o que aparece pela frente
E ao coração de sonhos desviados.
Afundo naus apagando o farol,
Transporto mágoas sem pagar o frete,
Confundo o mundo desligando o sol.
No bolso não restou nenhum chiclete,
No cooler não restou nenhuma skol.
No rosto, só restou o cacoete.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Espantar fantasmas....

Para mim, era angustiante como esse soneto antigo, que recuperei revendo velhos arquivos, os físicos e os imaginários.


SOMBRAS

Perversas sombras do meu futuro,
Agudas dores do meu estômago,
Olorosos perfumes do meu âmago,
Impossíveis luzes do meu escuro.
Doloridas mágoas do meu passado,
Fugidios hábitos dos meus temores,
Injustos ódios de meus ex-amores,
Incomodas pedras em meu calçado.
Minha colheita de frutos que não te dei,
Minha história de glórias que não dividi,
Minhas más atitudes que não curei.
Meus resíduos não biodegradáveis,
Árvores e flores que nunca plantarei
Permitam-me dias mais agradáveis.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

VIDA DE CORINTIANO É DIFÍCIL....

Eu sei, eu sei. Um dos meus vários amigos corintianos (é como ter um amigo muçulmano, você respeita mas não concorda), o violonista Cláudio Duarthe, um dia me contou uma história triste de um jogo do Corínthians que ele foi assistir com um amigo, foi uma roubada, o time dele perdeu (hahaha), etc. etc... Na mesma hora saiu uma letra que ele mesmo acabou musicando.
Aí vai ela!



LEGAL PRÁ DANAR

Cheguei da farra as 8 da manhã, ao meio dia o Zé telefonou,
Desliguei dizendo que era engano mas o Zé muito insistente novamente ligou.
Dizendo que o “Coríntia” ia jogar, me convidou prá porfia
Mesmo sem mim ele ia mas se eu fosse ia ser legal prá danar.
Papo chiclete acho que funcionou pois o meu sono leve logo passou,
Quando vi estava em pleno Pacaembú e fui logo sentindo a cutucada do destino,
No meu ombro tinha um urubú, não tinha nenhum lugar
E era uma semifinal
E eu, pensando, tá danado, que ia ser legal prá danar.

Foi quando vi chegando a Tropa de Choque,
Se escapasse prometi cortar o Nhoque,
Sentia cheiro de tapa no ar
Alguma coisa então começou a piscar,
Fomos pulando o portão, com o que piscava na mão
E de repente, ói nós na numerada.

Era o domingo mais lindo,
Maior programa de índio,
Só faltou lá o Juruna
O Timão perdeu a peleja
Foi 1 a 0 pro Braga
Quase que fico louco e me acabei
Me acabei na cerveja.

Na barraquinha o casal
Lua de mel e coisa e tal,
Môre prá lá, môre prá cá,
Prá compensar a roubada
Só mesmo um bom de um cafuné,
Olhei pro lado e vi Zé....