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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Enfim somos sexta-feira!

Pois muito bem. Dito isto, é de se reconhecer que a sexta-feira não é um dia talhado para as grandes indagações universais. A proximidade do "findi", o cheirinho da cerveja que se aproxima, a preguiça soteropolitana que invade o paulistano, tudo recomenda uma postura de serenidade e sossego. Portanto nada melhor do que uma historinha real e peculiar, motivadora do poema que segue abaixo. De algum tempo para cá, desde que meus cabelos começaram a ficar de outra cor, algumas pessoas acham que fiquei parecido com Vinicius de Morais. Há até quem me chame de "Vininha" e jure que sou a reencarnação do poeta, como se fosse permitido às almas que por aí passeiam ocupar corpos já em uso por outras almas menos nobres.
Evidente que isso me causa certo orgulho e me lisongeia. Pelo menos até certo ponto. Mas o fato é que, hoje, até eu me acho a cara dele, de tanto ouvir isso.
Daí, após essa longa história, o motivo do poeminha de hoje, o qual já é sobejamente "manjado" pelas pessoas que me conhecem bem:


EU QUERIA SER VINÍCIUS



No instante em que comecei a lê-lo
Eu já queria ser Vinícius.
Ao saber com quanto desvelo
O poeta exercera seu ofício,
Desfiando, belo, o novelo
Da vida em pleno exercício,
Mais eu queria ser Vinícius.

Quando vi sua alma de menino
Mais eu queria ser Vinícius.
Ao vê-lo tão sensível e londrino,
Vivendo sem nenhum desperdício,
Ao ouvir seu verso fino,
Entoado com saber vitalício,
Mais eu queria ser Vinícius.

E era em mim tão forte o apelo
De querer ser e ser Vinícius,
De desvendar o coração com zelo,
Fazer da mulher um nobre vício,
Que um dia olhei-me no espelho
E entre os respingos de dentifrício
Eu juro que vi Vinícius.