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sábado, 19 de junho de 2010

site do Tulípío!

Para aqueles que ainda não sabem, apesar de amplamente divulgado por este que vos tecla, mantenho uma coluna no site do TULÍPIO, imortal personagem criado pelo amigo Eduardo Rodrigues e que tomou vida através do desenho de Paulo Stocker. O endereço é http://tulipio.uol.com.br/
Esta coluna, chamada "O Samba na Realidade", conta histórias verdadeiras dos grandes mestres da música brasileira. Vou postar algumas aqui, para quem ainda não leu lá.



ADONIRAN E OS GALINÁCEOS

Contava Dona Mathilde Rubinato, quando já viúva do saudoso Adoniran Barbosa, que este adorava comer macarronada com frango assado todos os domingos, chovesse canivetes abertos ou fizesse sol. Mas a particularidade é que Adoniran, por capricho ou apego às tradições do interior, preferia ir comprar o frango ainda vivo, para assassiná-lo com um pescoção no aconchego de seu vasto quintal.

Ocorre que Dona Mathilde conhecia muito bem seu marido e por isso mantinha no congelador um frango previamente decapitado, depenado e comprado no mercadinho mais próximo. Isso porque, todo o santo domingo, Adoniran ia até a granja, comprava o frango mais bonito do corredor da morte e o trazia para casa debaixo do braço, bem apertado, para evitar que o bicho batesse as vigorosas asas e escapasse, como é direito de qualquer prisioneiro prestes a ser impiedosamente executado. No caminho para casa, porém, Adoniran vinha conversando animadamente com o animal, ainda que este não lhe respondesse palavra, por incapacidade ou por paúra. Fato é que se afeiçoava ao bicho, lhe colocava um nome e, como era de se esperar, não tinha coragem mais de matá-lo. Dona Mathilde já sabia que, ao chegar em casa, Adoniran lhe diria: “Velha, prepara o falecido porque a Jurema eu não vou matar não”! E era o que de fato acontecia.

Uma vez que a farsa se repetia todos os domingos, do quintal de Dona Mathilde já não se via o chão, tamanha a quantidade de galinhas ciscando e fazendo as suas franguices. Adoniran, satisfeito, brincava e conversava com elas, acariciava-as e chamava cada uma pelo nome, que apenas ele conhecia e distinguia. E a conta do milho subia consideravelmente.