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terça-feira, 20 de julho de 2010

Já que...

A minha dentista gostou tanto do poema postado anteriormente e, falando de cátedra, já que tive tantos problemas dentários e passei madrugadas e madrugadas batendo a cabeça nas quinas das paredes na tentativa de aliviar a dor, posto hoje esse sonetinho escrito num momento de absoluto desespero dolorido/poético:




A CÁRIE

O açúcar avisa. Primeiro sinal.
Logo após a água fria. Segundo indício.
Então, sem tratado de armistício,
A cárie vence o fio dental.
Suplício mudo na madrugada,
Analgésicos nem arranham o mal.
Há que enfrentar, é fatal
O si-bemol da broca afinada
Que, afiada, esgarça o esmalte cinzento
Lançando ao céu da boca as sequelas,
Induzindo à eutanásia, em processo lento.
E quando as forças não são mais aquelas
Abdica-se da estética por um momento
E admira-se a impunidade dos banguelas.