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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Lá vai mais um...

poemão escrito há vários anos. Fala sobre o amor e suas vicissitudes, seus percalços e suas armadilhas. Quem não conhece isso?!





RELATO DO DIA SEGUINTE



Acendo mais um cigarro, respiro fundo e me coloco outra vez a teus pés
Procurando pontes que me levem de volta a ti,
Pontas de cordas para reatar os nós, mesmo ciente do que tu és
Porque não queria ver tua alma e de fato a vi.

Faço uso do polegar e do indicador de forma inusitada,
Tapo as narinas e mergulho rumo ao que desconheço e temo,
Estudo as táticas para vencer tua defesa bem armada,
Evito admitir os buracos em nosso barco a pique e incoerente remo.

Sinto faltar as energias que sugas sem cessar, levando embora a alegria,
Levando minha alma embora, confundindo os meus caminhos,
Eu que não sou Fausto e, tácito, aceito um acordo que não pretendia,
Recebendo em troca, parcelados, teus imprescindíveis carinhos.

Procuro saídas e teu coração só me apresenta portas de acesso
E escancaro o meu, inutilmente, posto que já o ocupas,
Ensaio despedidas, treino meus discursos de retrocesso,
Ao tempo em que não dou atenção ao que de fato me preocupa.

Flagro teu olhar percorrendo outros olhares ávidos,
Percebo teu coração desgarrando nas curvas dos nossos desencantos,
Quase aplaudo o espetáculo que armas, ao qual assisto impávido,
Ouço as explicações que não me forneces, cheio de entretantos.

Tento ser duro contigo pela manhã, ao telefone,
Repasso todos os meus conceitos mais racionais,
Acabo não resistindo e te imploro que me proporciones
Teu amor sem medo e teus beijos paradoxais,

Porque quando sinto colar teu corpo ao meu corpo perplexo
E ouço tua voz ecoando em todos os recantos do meu mundo,
Os argumentos se confundem num texto desconexo,
Ainda que eu não saiba o que fazer desse amor profundo.