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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Olhem o que eu encontrei....

perdido nas gavetas escondidas do meu computador: um poeminha despretensioso, escrito há mais de 15 anos. Apenas para quebrar um pouco a sequência dos "colóquios insensatos", os quais retornarão ao seu tempo.



ENTRE PARÊNTESIS


Vez ou outra surge um obstáculo,
(Não bastassem os específicos do vernáculo)
Que desaba sobre a mente do poeta.
Um balde de água fria que o afeta
(A ponto de abdicar de sua caneta)
Por semanas, numa espécie de dieta.

Uma namorada que abomine a poesia
(Por charme, ignorância ou teimosia)
Basta para manter desativado
(Desde que se esteja apaixonado)
O veio lírico, antes vívido e brilhante,
Que agora dorme tímido e calado.

Pois todo artista necessita do aplauso
(Há quem não o queira por acaso?)
E bem melhor do que meramente aplaudido
(Festejado, admirado, consumido)
É sê-lo por alguém que, especialmente,
Se deseja num gostar bem desabrido.

Mas para o bem ou mal da arte,
(Há sempre alguém que chega e outro alguém que parte)
O gostar do poeta é tão pulsante
(Tão intenso e deslumbrante)
Que logo apaga sem deixar ferida
E, estando o poeta na vida,
Retorna a poesia triunfante.