Total de visualizações de página

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Escolhendo a pior data.

Mário Quintana morreu em 05 de maio de 1994. Uma quinta-feira. Alguém imagina o que estava acontecendo no Brasil exatamente neste dia? Ayrton Senna havia se esborrachado no muro no dia 1º de maio, ou seja, no domingo anterior. Seu corpo chegou ao Brasil naquela semana e o sepultamento ocorreu apenas na sexta, dia 06.
Sendo assim, muito pouca gente percebeu ou se emocionou com o passamento do poeta que morreu quietinho, lá em Porto Alegre. Pouca gente no seu enterro. Lembro-me de uma pequena nota nos telejornais e só. O Brasil chorava a morte de outro filho.
Daí esse poeminha.



MÁRIO QUINTANA, O PIOR ESCOLHEDOR DE DATAS


Mário como eu sou Mário,
Que como eu não é de Andrade,
Mas que viajaste tantos versos
E foste poeta de verdade,
O que houve contigo, amigo,
Que resolveste singrar outros mares?
Decerto cansaste enfim
De teus saborosos quintanares.
Mas por que, após noventa anos
Escolheste partir, que pena,
Justamente na mesma semana
Da morte de Ayrton Senna?
Teu brilho foi chamuscado
Diante da nação em dor,
Mesmo para quem conheceu
Teu imenso e real valor
Na verdade não passaste,
Continua passarinho,
Só escolheste momento ingrato
Para abandonar teu ninho.
Teus versos continuarão brilhando
Enquanto brilhar a lua,
Mas veja se da próxima
Escolhe uma data só tua.